Ser um agente de promoção da sinergia e parceria entre diferentes atores na melhoria do acesso equitativo e de qualidade aos serviços oncológicos não é apenas a descrição do “quem somos” do Instituto de Governança e Controle do Câncer. Este é efetivamente o cerne do que o IGCC desenvolve no dia a dia de trabalho.
Como exemplo prático, na terça-feira, 16 de abril, o Instituto reuniu a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul (SES) e diversas organizações da sociedade civil (OSC) que atuam no enfrentamento ao câncer para dar início à uma grande e efetiva parceria no Estado.
O “Café com Projetos” ocorreu no Tecnopuc e contou com a presença de Ana Costa, secretária adjunta da SES; Scheila Schuch, médica oncologista e coordenadora do setor de alta complexidade da SES; e as organizações FEMAMA, Somos Apcolu, Liga Feminina de Combate ao Câncer (Canoas, Novo Hamburgo, Tramandaí, RS), Instituto Pietro, Instituto do Câncer Infantil, Instituto Camaleão e Empatizeme.
“Este é um primeiro encontro para nos conhecermos e iniciar uma colaboração. O IGCC trabalha para termos melhores políticas públicas nas cidades e podemos fazer isso juntos, construindo novas recomendações. Às vezes são ações simples, mas que podem fazer toda diferença”, iniciou Daniely Votto, diretora executiva do Instituto.
A secretária adjunta Ana Costa destacou a importância do auxílio das organizações que atuam na ponta, preenchendo os espaços onde eventualmente o serviço público não consegue chegar.
“Temos trabalhos específicos de controle do câncer, mas não temos mão de obra suficiente. Nós não conseguimos estar em todos os lugares, então esse propósito conjunto pode nos levar mais longe, cada um no seu espaço, na sua especialidade, em momentos e cenários diferentes, mas unindo forças, porque ninguém sabe tudo, porém, juntos sabemos mais”, comentou Ana Costa.
Sheila Schuch reforçou que o Estado está atento às expectativas de aumento de número de casos em 50% até 2040 e, por isso, vem desenvolvendo ações para controle da doença.
“Nossa proposição como poder público é que alguns tipos de câncer precisam de um olhar diferenciado, seja para desmistificar a doença, a prevenção ou o tratamento. Um exemplo é a vacina do HPV que pode erradicar vários tipos oncológicos. Além disso, estamos vivendo uma época muito interessante na oncologia, com novas medicações e tratamentos, mas que nem sempre podemos usar no SUS. Por isso, precisamos do apoio da sociedade para pensar em alternativas”, ressalta.
Sheila ainda apresentou os programas do governo na atenção especializada para melhoria na oferta e qualidade dos serviços oncológicos. Dentre eles, destacou a avaliação da qualidade das mamografias, desenvolvimento de ações para diagnóstico precoce, capacitação de profissionais e a tele-consultoria com especialidades.
Beto Albuquerque, diretor do Instituto Pietro, associação especializada em doação de medula óssea sediada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, destacou a importância da atuação das organizações como mediadores do diálogo entre os setores responsáveis pelos cuidados com a saúde. “Quando iniciamos nosso trabalho, não havia sintonia entre governo e hemocentros. A partir do momento em que reunimos as partes, o serviço melhorou. Esse é o passo necessário para somarmos”, reforçou o ex-deputado.
Denise Müller, da Somos Apcolu, associação que trabalha com a prevenção do câncer de colo do útero em Santa Cruz do Sul, salientou a importância da sociedade civil estar atenta à gestão da saúde oncológica.
“Estamos perdendo pessoas muito jovens para uma doença que tem rastreio e tem vacina. Nosso papel é cobrar os gestores públicos sobre o que acontece no nosso município, não só sobre um tipo específico de prevenção ou tratamento, mas que possamos consultar os dados também. Neste ano, boa parte dos nossos gestores vai entregar as prefeituras. Com que números em relação ao câncer? Nós, como comunidade, precisamos despertar essa provocação nos governantes”, comenta.
No gancho das eleições municipais em 2024, Daniely Votto convidou as organizações presentes a fazerem parte da Coalização Cidades no Controle do Câncer, projeto desenvolvido pelo IGCC em parceria com outras OSCs nacionais para incluir a pauta oncológica nos planos de governo dos futuros prefeitos e prefeitas.
“Que possamos estar juntos! Estado, organizações da sociedade civil, profissionais da saúde e classe política potencializando nossas ações para que possamos efetivamente fazer a diferença, evitar todos os óbitos desnecessários que pudermos e aliviar o sofrimento quando possível”, incentivou Ana Costa.
O IGCC acredita no potencial da união de esforços e espera que esse possa ser o primeiro de muitos encontros para transformar a realidade do enfrentamento ao câncer nas cidades gaúchas.