Por Maira Caleffi,
Presidente do Conselho de Administração do IGCC e Chefe do Núcleo Mama do Hospital Moinhos de Vento
Faz sentido que o Dia Nacional de Combate ao Fumo seja comemorado em 29 de agosto, durante o mês de alerta para o câncer de pulmão. Afinal, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o consumo de tabaco e derivados é diretamente responsável por aproximadamente 85% dos casos de neoplasias pulmonares.
Os tumores pulmonares são as principais causas de óbitos por câncer para a população geral no Brasil (INCA) e no mundo (OMS). Assim, é possível afirmar que o cigarro carrega a responsabilidade pela quase totalidade dos 2,2 milhões de novos casos por ano e por quase 28.618 mortes em 2020 no país. A alta letalidade está também diretamente relacionada ao fato do tumor ser comumente silencioso, o que faz com que o tratamento inicie já em estágio avançado.
A associação de cigarro e câncer de pulmão também afeta significativamente os cofres públicos. Para se ter ideia do impacto financeiro da doença, o Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC) realizou o “Estudo de Microcusteio Hospitalar”, em parceria com o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), com o objetivo de avaliar os gastos envolvidos no tratamento para câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP).
Com o estudo, concluiu-se que o tratamento gera um custo ao hospital maior que o previsto na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), havendo necessidade de complementação para cobrir as despesas no cuidado ao paciente. O estudo torna-se importante especialmente na área de saúde pública – onde já existe subfinanciamento para ações – como uma ferramenta para utilização racional das verbas, auxiliando gestores na tomada de decisão ao dar embasamento teórico para a construção e melhoria de políticas públicas, priorização de serviços e alocação de recursos.
A saúde pública possui uma infinidade de demandas para uma verba finita. É importante lembrar que as neoplasias pulmonares podem não ser um gargalo para o sistema visto que são evitáveis através da mudança de hábitos de vida.
Somados a alta mortalidade, tratamentos longos e onerosos, nesse dia Dia Nacional de Combate ao Fumo, o IGCC chama para algo simples, mas que contribui para enfrentar o cenário do câncer de pulmão: a melhor prevenção contra a doença é não fumar!