Por Cátia Duarte
Diretora Executiva do Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC)
Chegamos ao fim do Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama, e no meio de tantos laços rosas espalhados por toda parte, inúmeras campanhas e pessoas vestindo rosa, deparamos-nos com números que nos lembram que ainda há muito para ser feito, e que não pode ser apenas em um único mês do ano, mas sim algo consistente e contínuo. Por que será que ainda estamos tão longe de uma educação de prevenção e que ainda diagnosticamos este câncer de forma tão tardia?
O diagnóstico tardio, em muitos casos, é reflexo da dificuldade em implementar políticas públicas eficazes, como a Lei dos 30 e 60 dias, que deveria garantir tanto um rápido diagnóstico quanto o início do tratamento sequencial, se confirmada a doença. E é exatamente na cidade que esse impacto acontece, o sucesso ou não dessa implementação se dá através do município. O câncer de mama é uma das questões que mais desafiam o sistema de saúde local. A partir de 2025, o câncer será a principal causa de morte no Brasil, e o de mama o primeiro entre as mulheres, fazendo-se necessário que os municípios organizem seu sistema de saúde local, de forma integrada para lidar com esse cenário. Nós precisamos parar de falar sobre câncer e falar sobre o paciente que tem câncer, entendendo sua jornada e o impacto que causa na sua vida e na sociedade como um todo.
Esse compromisso é também o que esperamos dos prefeitos e vereadores já eleitos e dos que estão disputando o segundo turno das eleições. Foi por isso que criamos o movimento Coalizão Cidades no Controle do Câncer, que busca esse comprometimento dos candidatos com a pauta oncológica em seus planos de governo para que tenhamos ações concretas para melhorar o diagnóstico precoce, ampliar a cobertura de mamografias e garantir um tratamento rápido e eficiente.
Gostaria de fixar a ideia: precisamos dos outros onze meses do ano com campanhas, engajamento e tudo mais que o Outubro Rosa conecta, precisamos sim de uma plataforma forte de combate ao câncer de mama e uma sociedade ativa e participativa, compreendendo que esse universo é bem maior para ser reduzido a um único mês.
Quem tem câncer tem pressa e a responsabilidade de garantir que as pacientes possam viver mais e melhor é de todos nós.
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Publicado no Jornal do Comércio de 28 de outubro de 2024.
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