Oportunidades de colaboração para o enfrentamento ao câncer

Foto: Matheus Pé

O Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC) reuniu, na manhã do dia 10 de abril, diversos atores locais e internacionais que atuam em instituições e organizações de enfrentamento ao câncer. Dividido em duas atividades, o evento foi uma oportunidade para compartilhar experiências e perspectivas sobre os serviços e cuidados oncológicos nas cidades.

O encontro contou com a participação de Roberto Gil, diretor geral do Instituto Nacional de Câncer; Fernando Ritter, Secretário de Saúde de Porto Alegre; equipes das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde; do City Cancer Challenge (C/Can); membros fundadores e conselheiros do IGCC; e líderes de projetos do Instituto.

Ainda, o médico, cirurgião e professor Ben Anderson, atual líder técnico global para câncer de mama do C/Can, esteve presente para compartilhar sobre a experiência do Global Breast Cancer Initiative (GBCI), do qual foi líder médico da Organização Mundial da Saúde (OMS). A iniciativa busca trabalhar nas cidades uma metodologia de avaliação de necessidades baseada em pilares específicos para reduzir a incidência e a mortalidade da doença em 2,5% por ano, salvando 2,5 milhões de vidas até 2040. 

Aproveitando a vinda do médico para o 26º Congresso Brasileiro de Mastologia, do qual o IGCC é parceiro na organização, foi realizada uma apresentação pelos líderes de projetos do Instituto sobre as ações implementadas em Porto Alegre para o controle do câncer. O “Café com Projetos” possibilitou a troca de experiências, identificação de boas práticas, desafios comuns e oportunidades de colaboração.

O segundo momento da manhã foi marcado pelo “Workshop GBCI: Diálogo Preparatório da Global Breast Cancer Initiative”, apresentado por Ben Anderson para contar sua experiência nas últimas décadas desenvolvendo a metodologia em cidades ao redor do mundo. O médico destacou a importância da participação das organizaçoes da sociedade civil que atuam localmente na implementação de iniciativas de controle do câncer.

O que percebi ao longo dos anos é que decisões globais não permitem tantas adaptações, mas trabalhar em cidades é muito mais adaptável e com maior possibilidade de gerenciamento”, explica. Ainda, destacou a abordagem das ações quando levadas aos gestores públicos e à população.

Trazer uma lista enorme de problemas não é uma boa forma de convencer o poder público. Precisamos de dados essenciais, indicadores e uma metodologia que funciona. Como iremos ajudar as pessoas a entender que a prevenção é importante? A comunicação é um passo, já que a desinformação se tornou um problema. Por isso, acredito que somos privilegiados em estarmos conversando hoje”, comentou.

Roberto Gil, diretor geral do INCA, trouxe a perspectiva federal da gestão em saúde oncológica. 

Temos um país muito desigual onde os dados são preenchidos de forma diversa e isso prejudica muito nossos indicadores. Porém, se tivermos cidades já estruturadas e organizadas, teremos um caminho a seguir. Implementar algo que tenha uma lógica de construção, como o GBCI, nos mostrará onde precisamos estar capacitados. Foi muito importante estarmos juntos hoje, conhecendo e criando novas ideias”, destacou Gil.

Na última parte da manhã, as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde participaram da conversa “Como Porto Alegre está trabalhando para diminuir a carga do câncer de mama no Brasil?”. Sheila Schuch, diretora do serviço de alta complexidade da Secretaria Estadual, relatou diversas iniciativas que vem sendo implementadas pelo Governo do Rio Grande do Sul para minimizar os desafios da doença tanto na atenção básica quanto nos serviços terciários. “Precisamos estar preparados para enfrentar esse verdadeiro tsunami com a previsão de aumento de 50% dos casos”, alerta.

Vânia Frantz, diretora da Atenção Primária à Saúde da Secretaria Municipal, destacou a parceria com o IGCC e alguns dos desafios enfrentados pela gestão municipal no atendimento oncológico. “A carga financeira que fica para os municípios é muito alta, e esse é um grande obstáculo para oferecer os serviços necessários. A atenção primária precisa estar sempre muito atenta, respeitando as particularidades e necessidades de cada território”, comenta.

O IGCC agradece a presença de todos que compareceram ao encontro e esperamos que as discussões resultem em colaboração e ações concretas com impacto positivo na prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do câncer nas cidades brasileiras.