Em 2019, o City Cancer Challenge (C/Can) e o Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde (IATS) deram início à um extenso projeto de pesquisa em parceria com dois centros de referência da capital gaúcha no tratamento com radioterapia para câncer de próstata. O Complexo Hospitalar da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre tiveram seus processos analisados para identificar as barreiras enfrentadas pelos pacientes.
Posteriormente assumido pelo Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC), o projeto teve seus resultados publicados no início de novembro – mês de prevenção e alerta sobre o câncer de próstata – no Journal of Comparative Effectiveness Research, um periódico internacional de renome na área de políticas e economia da saúde. O estudo possibilitou conhecer os gargalos enfrentados pelos usuários do sistema público de saúde entre o diagnóstico e tratamento radioterápico para a doença.
Ainda, a publicação apresenta soluções simples e de baixo custo que podem ser implementadas na rotina e gestão hospitalar para que se acelere o acesso ao tratamento.
“A partir dos resultados da pesquisa, estima-se uma redução significativa no tempo entre o diagnóstico e o início da radioterapia, período este que pode ser decisivo para o sucesso do tratamento”, explica Rafael José Vargas, membro do board do IGCC, chefe do Serviço de Oncologia da Santa Casa, professor da UFCSPA e um dos líderes do projeto.
“Para nós, é motivo de orgulho o reconhecimento a partir da publicação no Journal of Comparative Effectiveness Research. Mas também sabemos que é apenas o primeiro passo de um projeto que pode ajudar muitos pacientes no sistema de saúde brasileiro. É com isso em mente que continuamos o trabalho”, afirma a pesquisadora do IATS e uma das autoras do artigo, Ana Paula Etges.
Em breve, o IGCC iniciará a segunda etapa do projeto em parceria com o Complexo Hospitalar da Santa Casa para colocar em prática as estratégias identificadas no estudo. A ideia é que, após a validação das iniciativas, os processos implementados no hospital possam ser replicados para outras instituições de saúde do país. Dessa forma, servirão de base para gestores de saúde na qualificação dos serviços e contribuirão para aumentar a eficiência do tratamento com a radioterapia.
“Essas soluções fazem parte de um grande trabalho para posicionar a cidade como referência na prevenção e no tratamento do câncer. Em pleno Novembro Azul, é importante que nos debrucemos sobre os processos que envolvem o enfrentamento da doença”, pondera Daniely Votto, diretora executiva do Instituto.
No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), foram mais de 65 mil casos por ano entre 2020 e 2022. E, em Porto Alegre, o câncer de próstata foi a neoplasia mais registrada entre homens e a principal causa de morte entre 2015 e 2020, conforme o DATASUS. “Conhecedor desse contexto, o Instituto de Governança e Controle do Câncer incentiva que as instituições da Capital estejam atentas às estratégias apontadas pelo estudo”, defende Daniely.
Aproveitamos a oportunidade para agradecer aos parceiros do IGCC, pelo apoio institucional ao enfrentamento ao câncer nas cidades, em especial à Varian por apoiar a realização do projeto.
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