O Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC), em parceria com o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), finalizou o relatório do “Estudo de Microcusteio em Hospital Público em Porto Alegre (RS)”, realizado através da coleta de dados de pacientes com de câncer de pulmão no período entre 2021 e 2022. O objetivo do estudo era sistematizar os dados de custos do hospital a partir do nível individual do paciente em tratamento para câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) atendidos no GHC.
Entre todos os tipos de câncer, o de pulmão é o mais letal no mundo segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2022. No Brasil, o câncer de pulmão é a principal causa de óbitos por câncer para a população geral, sendo a primeira para homens e a segunda entre as mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) de 2020.
O estudo teve como parceiro implementador a Roche Brasil, por meio da Chamada Roche de Projetos 2022 – Soluções para a Transformação na Oncologia.
Entenda sobre microcusteio:
Os estudos de microcusteio são considerados o padrão-ouro (padrão de referência) para identificação dos custos em saúde já que possibilitam uma avaliação com alto nível de precisão em relação ao tratamento ou serviço avaliado. Desse modo, tornam-se uma importante ferramenta para utilização racional das verbas públicas, além de auxiliarem no processo de tomada de decisão dos gestores ao dar embasamento teórico para a construção e melhoria de políticas públicas, priorização de intervenções e alocação de recursos.
Para Cristina Guimarães, consultora em políticas públicas e advocacy e responsável pela realização do estudo, “eles desempenham um papel crucial na área da saúde, especialmente na saúde pública, onde já existe subfinanciamento para as ações”.
A análise de microcusteio possibilitou alcançar o nível mais detalhado ao acessar dados individuais sobre o tratamento do paciente como, por exemplo, a partir da revisão do prontuário ou ficha clínica, análise dos custos de procedimentos de diagnóstico e cirúrgicos. Através dessa informação precisa, o estudo permite um melhor entendimento da distribuição dos dados de custos e determinação de prioridades por parte do hospital, assim como de toda área da saúde.
“O estudo agrega valor no sentido de dar conhecimento o impacto financeiro que o paciente com esse tipo de câncer gera para o SUS. Ainda, contribui com a gestão do hospital na medida em que se conhecem os dados reais, facilitando para que se tomem decisões mais acertadas para atender melhor o paciente”, comenta Iolanda Vargas, da Gerência de Governança, Riscos e Conformidade do GHC.
Os dados obtidos com o estudo mostram que existe uma divergência na comparação dos valores da Tabela SUS e o valor efetivamente gasto pelo GHC para procedimentos hospitalares no tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP), havendo necessidade de complementação de recursos por parte do hospital.
“Participar de um estudo de microcusteio para um grande hospital público no Brasil foi uma experiência desafiadora, porém muito gratificante, pois como cidadã e pesquisadora senti que estava desenvolvendo um estudo que pudesse ajudar de alguma forma o sistema. Além disso, a oncologia é uma área que demanda recursos significativos devido à natureza dos tratamentos e à necessidade de equipamentos especializados, medicamentos específicos e profissionais altamente qualificados. O detalhamento dos dados individuais permitiu uma boa validade interna dos achados segundo fase da assistência e estadiamento clínico. Tudo isso pode contribuir para a qualidade, sustentabilidade e equidade do sistema de saúde”, afirma Cristina Guimarães.
Iniciativas como o “Estudo de Microcusteio em Hospital Público em Porto Alegre (RS)” estão alinhadas à atual Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde, que tem como objetivo aprimorar os benefícios de saúde obtidos com os recursos disponíveis, garantindo o acesso da população à tecnologias seguras e efetivas e em condições de equidade.