O Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC) organizou a primeira Roda de Conversa com professoras da Restinga, região de atuação do projeto Visão Zero: Estratégias de Eliminação dos Cânceres Femininos em Porto Alegre. O encontro ocorreu no dia 19 de abril e contou com a participação de oito educadoras, uma de cada escola municipal envolvida nas ações da iniciativa.
Daniely Votto, diretora executiva do IGCC, apresentou o Instituto e esclareceu sobre os objetivos do Visão Zero.
“Estamos “gestando” esse projeto há mais de um ano numa “concertação” entre as Secretarias Municipais de Governança, Saúde e Educação e as Secretarias Estaduais de Saúde e Educação. Porque o nosso papel é ser esse conector que vai perguntar o que está faltando e como podemos ajudar. Então, o Visão Zero nasce para ajudar Porto Alegre a realmente eliminar as mortes por câncer de colo do útero. Não podemos acabar com os casos, mas podemos reduzir muito a incidência por meio de ações que passam pela vacinação do HPV, educação e outros tipos de prevenção”, explica.
A médica oncologista, Fernanda Casarotto, líder técnica do projeto, participou da conversa para esclarecer dúvidas sobre o HPV e a imunização, destacando o impacto da doença no país.
“São 7 mil óbitos por ano no Brasil e esse número pode ser subestimado inclusive. São mortes precoces. Acompanho no dia a dia do consultório, mulheres jovens, na faixa dos 40 anos, com os pais vivos e filhos pequenos. É muito triste. Por isso, temos que incentivar a vacinação. Essas mortes não são invisíveis”, ressalta.
Ainda, Fernanda explicou o papel do imunizante como proteção populacional.
“Incentivar a vacinação é promover saúde pública. Infelizmente, nem todos têm acesso às mesmas condições e possibilidades de serviços de saúde. Comunidades mais vulneráveis, com menos recursos, terão um maior tempo de espera para exames, por exemplo. É por isso que a vacina é tão importante. O câncer de colo do útero ainda tem exames de rastreio, mas os outros tipos causados também pelo HPV não. Então o grande ganho da vacinação para eles é a possibilidade de não desenvolver a doença”, comenta.
Karine Ruy, sócia da Empatizeme, empresa parceira na elaboração dos materiais e atividades do projeto, destacou o potencial dos educadores como formadores de opinião nas crianças e adolescentes.
“É importante que a informação chegue de forma correta e acessível para eles. Por isso, elaboramos diversas estratégias de conscientização que focam no público alvo da vacina. Este encontro é para que vocês entendam mais sobre a doença e a vacinação, se sintam seguras para abordar o assunto e conversem com os pais e os alunos. Porque é a informação que leva as pessoas à tomada de decisão consciente”, ressalta.
A professora Ana Paula Pontes, da escola Nossa Senhora do Carmo, agradeceu a oportunidade e enfatizou o papel do educador como construtor de conhecimento.
“Nós já havíamos recebido o material do posto de saúde, mas achei muito interessante vir para tirar dúvidas e ter as informações técnicas que a Dra. Fernanda passou. Foi muito esclarecedor e, como educadora, é importante porque potencializamos, somos o agente que leva a informação para dentro da escola, para as pessoas que são leigas, inclusive os nossos colegas que não tiveram a oportunidade de estar aqui hoje”, relata.
Além das professoras, o enfermeiro Ivan Walker, da Unidade Básica de Saúde (UBS) Álvaro Difini, que fica na Restinga, esteve presente e explicou como vem ocorrendo o “Rolê da Vacina”, campanha de imunização escolar do município.
“Cada posto de saúde é responsável por uma escola. Entramos em contato com os diretores e gestores e solicitamos a lista de alunos para termos ideia do número de vacinas que precisamos levar. Pelo E-SUS, conseguimos consultar quem já fez ou não”, esclarece.
Ainda, Ivan orientou sobre a disponibilidade da vacina do HPV nos postos de saúde do município e a importância da comunicação entre escola e UBS de referência.
“Os profissionais das UBSs estão sempre disponíveis para falar sobre o assunto. Já temos o manejo para abordar os pais, responsáveis, as crianças e adolescentes. A escola pode sempre solicitar que a gente vá. E a vacina do HPV é “portas abertas”, independente de onde a pessoa mora, pode ser imunizada em qualquer posto. Assim como o exame citopatológico (papanicolau) e a mamografia”, informa.
Ivan também ressaltou a importância do projeto para auxiliar a atenção básica na conscientização sobre a importância dos programas de vacinação nas escolas.
“O que o IGCC vem fazendo é muito importante. Para nós, é muito difícil focar em várias questões ao mesmo tempo. Todo dia temos uma campanha nova, seja da gripe, da covid, da dengue. A demanda é muito grande. Então, o que vocês estão fazendo nos ajuda muito dando esse suporte para reforçar a prevenção contra o HPV”, incentiva.
O IGCC acredita na importância da atuação sinérgica entre as diferentes instituições e organizações, potencializando o trabalho em rede no enfrentamento ao câncer e na proteção da vida em nossas cidades.
Agradecemos aos parceiros MSD e Pfizer pelo apoio institucional ao projeto “Visão Zero”. A colaboração e comprometimento são fundamentais para o sucesso do enfrentamento aos cânceres femininos nas cidades. Juntos, construímos um caminho de conquistas e impacto positivo no controle das doenças.
Saiba mais sobre o Visão Zero aqui.