Por Walker Massa
Vice-presidente do Conselho de Administração do Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC)
O câncer de próstata é um dos grandes desafios de saúde pública no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se mais de 71 mil casos anuais entre 2023 e 2025. Entre os homens brasileiros, este é o diagnóstico mais incidente — desconsiderando o câncer de pele não melanoma. Além disso, é a segunda maior causa de óbitos por câncer entre os homens, contabilizando mais de 17 mil mortes somente em 2023, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
A principal ferramenta para o controle da doença é assegurar o diagnóstico precoce. A chance de cura para pacientes com câncer de próstata detectado ainda na fase inicial é de até 95%. Contudo, existem barreiras significativas no rastreamento da doença. Em razão disso, o Novembro Azul, além de conscientizar o paciente, é uma oportunidade para o sistema de saúde reforçar seu compromisso com a saúde masculina.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), mais de 60% dos pacientes diagnosticados iniciam o tratamento da doença já em estágio avançado, comprometendo o prognóstico de cura. Isso acontece porque, geralmente, o câncer de próstata é assintomático nos estágios iniciais, o que dificulta sua identificação. Por este motivo, a campanha deve servir para que o setor de saúde fortaleça a infraestrutura e aprimore a capacidade de rastreamento na atenção primária. Assim, é possível garantir maior eficiência desde o diagnóstico até o início do tratamento, reduzindo o tempo de espera e evitando a progressão da doença.
É fundamental que o sistema público e o setor privado reconheçam a importância de fortalecer a linha de cuidado e ampliar o acesso a novas tecnologias. Nove em cada dez homens diagnosticados têm mais de 55 anos — grupo que exige monitoramento contínuo e atenção especial. Cuidar da saúde do homem é uma responsabilidade que vai além da conscientização individual: exige compromisso estrutural e contínuo que gere a oportunidade de prevenção e acesso aos tratamentos.
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Publicado no jornal Zero Hora, em 21 de novembro de 2025.





