Artigo | Inovações para o tratamento do Câncer de Próstata no SUS

Inovações para o tratamento do Câncer de Próstata no SUS
Inovações para o tratamento do Câncer de Próstata no SUS

Por Ana Paula Beck da Silva Etges,
Professora e pesquisadora de epidemiologia da UFRGS e consultora do projeto “Melhoria do acesso ao tratamento com radioterapia”

Antes mesmo da pandemia, o Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde (IATS), o City Cancer Challenge Foundation e o Instituto de Governança e Controle do Câncer iniciaram pesquisa para identificar barreiras que afetam o acesso ao tratamento de radioterapia para o câncer de próstata em Porto Alegre.

No início deste mês, conhecido pela conscientização e prevenção à doença, os resultados foram publicados no Journal of Comparative Effectiveness Research, periódico de renome na área de políticas e economia da saúde. Isso sugere o quanto a cidade está no caminho certo para atender melhor os pacientes e evitar a perda de vidas por câncer de próstata – neoplasia mais registrada entre homens e a principal causa de morte entre 2015 e 2020 na capital gaúcha.

O projeto envolveu a coleta de dados em dois centros de referência no SUS e uniu expertises de múltiplas áreas do conhecimento para entender e medir os motivos que prolongam o tempo de espera entre diagnóstico e início da radioterapia. Entre as principais implicações práticas, a pesquisa elencou estratégias que podem ser implementadas de forma ágil e com baixo custo para melhorar este cenário.

As estratégias foram priorizadas em função do nível de factibilidade de implantação e do impacto que representam na experiência do paciente ao longo de sua trajetória de cuidado. Entre elas, encontram-se a adoção da navegação, o uso de aplicativos mobile de autoagendamento e informações de autocuidado, a capacitação da rede de atenção básica e a disseminação de cartilhas informativas. Também foi desenvolvida uma ferramenta que ajuda administradores hospitalares a calcular com precisão os custos dos tratamentos de radioterapia e analisar a eficiência de processos de atendimento. A sua aplicabilidade permite identificar onde estão os serviços mais eficientes, o que pode ajudar a reduzir o desperdício e aprimorar os serviços de radioterapia.

Este estudo é um exemplo de como a pesquisa científica pode fornecer informações valiosas aos gestores de saúde, permitindo que tomem decisões eficazes e em prol da melhoria do atendimento à população no sistema de saúde.

Publicado no Jornal Zero Hora de 21 de novembro de 2023

Conheça sobre o projeto aqui!