Artigo | Precisamos falar sobre câncer de pulmão

Por Marcelo Capra,
Conselheiro do IGCC e coordenador de Oncologia do GHC

Datas alusivas à saúde são cada vez mais importantes, especialmente na era da comunicação instantânea. Ao se falar sobre o problema, jogamos luz às questões que envolvem políticas públicas, meio ambiente e cidadania. Este é o caso do Dia Mundial do Câncer de Pulmão, neste 1º de agosto.

O câncer de pulmão é o segundo tipo de neoplasia mais comum e o que mais mata no Brasil. Frequentemente, as neoplasias pulmonares são assintomáticas ou apresentam sinais inespecíficos nos estágios iniciais, o que leva a um atraso na procura por atendimento.

No Rio Grande do Sul, mais de 80% dos pacientes iniciam o tratamento em estágio avançado. Dessa forma, os casos já são considerados graves e com prognóstico muito reservado em decorrência da agressividade desse tipo de tumor.

Para enfrentar essa realidade, é necessário o envolvimento de todos. Nos últimos dois anos, o Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC) tem trabalhado em parceria com o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) no sentido de melhorar o diagnóstico e tratamento do câncer no sistema público. As instituições desenvolveram o projeto “Melhoria do Diagnóstico Precoce de Câncer”, que possui entre suas estratégias a capacitação dos profissionais da atenção primária do SUS sobre sintomas e sinais de alerta para o câncer de pulmão.

Para facilitar e agilizar o processo, o IGCC e especialistas do Serviço de Pneumologia, Medicina de Família e Oncologia do GHC desenvolveram uma “Árvore Decisória”, que será entregue à Secretaria de Saúde para ser disponibilizada às UBSs. A ferramenta é um fluxograma para identificar possíveis sinais e sintomas indicativos de câncer de pulmão, que guia a tomada de decisão para que o médico possa encaminhar o paciente ao especialista, encurtando o tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico.

O IGCC acredita no trabalho conjunto entre iniciativas públicas e privadas, governantes, pesquisadores e profissionais de saúde. Juntos, podemos mudar essa realidade e dar um importante passo na busca pelo acesso universal ao diagnóstico precoce, impactando na sobrevida e recuperação dos pacientes.

Mais de 30% das neoplasias podem ser evitadas com a adoção de um estilo de vida saudável. Não fumar é o primeiro passo – 85% dos casos estão associados ao tabagismo e à exposição passiva ao tabaco e derivados.

Se você tem ou conhece alguém com tosse persistente, falta de ar, dor torácica, perda de peso e de apetite sem explicação, fraqueza, cansaço ou pneumonia recorrente, procure ou indique atendimento médico. Una-se a nós para salvar vidas.

 

Publicado no Jornal Zero Hora de 01 de agosto de 2023