IGCC lidera avanço do Global Breast Cancer Initiative em Porto Alegre e impulsiona transformação no cuidado oncológico

Durante o Cancer Future Forum, foram apresentadas alternativas para tornar a capital gaúcha um exemplo internacional de gestão do câncer, por meio da integração de dados e uso de inteligência artificial

O Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC) deu mais um passo na missão de transformar a atenção oncológica nas cidades brasileiras. Durante o Cancer Future Forum, realizado em 8 de outubro, o Instituto reuniu representantes da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS), Procempa, Hospital Moinhos de Vento e demais instituições parceiras para apresentar o projeto Global Breast Cancer Initiative (GBCI), uma das principais estratégias da Organização Mundial da Saúde (OMS) voltadas à redução da mortalidade por câncer de mama.

Porto Alegre: referência brasileira na implementação do GBCI

O GBCI tem como meta global garantir que 60% dos casos de câncer de mama sejam diagnosticados em estágios I e II e que 80% das pacientes recebam tratamento multimodal completo, com retorno seguro ao domicílio.

Em Porto Alegre, o IGCC conduz a implementação do projeto em parceria com o City Cancer Challenge (C/Can), SMS e Procempa, transformando a capital em modelo de colaboração público-privada para o cuidado integral em oncologia.

O projeto prevê o uso da plataforma PRISMA Breast Cancer, que permite monitorar toda a jornada da paciente, desde o diagnóstico até o acompanhamento pós-tratamento, integrando dados de diferentes serviços e fortalecendo a governança em saúde.

Entre os objetivos, estão avaliar a eficácia dos tratamentos multimodais, identificar gargalos assistenciais e propor melhorias contínuas na rede de atenção oncológica.

“O câncer de mama continua sendo o que mais mata mulheres por câncer no Brasil, mas isso não pode ser destino. O GBCI é a prova de que dados, ciência e colaboração podem mudar essa realidade”, afirmou a presidente do Conselho de Administração do IGCC, dra. Maira Caleffi, mastologista e chefe do Núcleo da Mama do Hospital Moinhos de Vento.

Com o avanço do GBCI, Porto Alegre consolida sua posição como uma das 16 cidades do mundo a integrar a rede global da OMS voltada à equidade no tratamento e cuidado com o câncer.

“O IGCC é da cidade. Nossa missão é unir forças, compartilhar aprendizados e escalar práticas de sucesso para que nenhuma vida se perca por falta de acesso”, destacou Walker Massa, vice-presidente do Instituto.

Capital gaúcha zera filas de mamografia 

Segundo dados apresentados no evento, a cidade zerou as filas de mamografia e reduziu drasticamente o tempo de espera para consultas especializadas em oncologia, que hoje é inferior a 15 dias em média.

O modelo das Organizações de Cuidado Integral (OCIs) garante uma jornada coordenada entre atenção básica, diagnóstico e tratamento, com agendas sequenciais e prazos definidos de até 30 dias para os casos suspeitos de câncer de mama.

Essas melhorias estruturais resultaram da iniciativa Mais Acesso a Especialistas, que reorganizou a regulação municipal e otimizou o uso dos serviços da rede SUS, reduzindo o tempo entre o encaminhamento e o início do tratamento.

“A Secretaria possui informações importantes, mas precisamos de uma estratégia integrada para transformá-las em melhores resultados no tratamento. Porto Alegre já zerou as filas de radiografia e mamografia, e queremos avançar ainda mais, incorporando inteligência artificial para reduzir o tempo de espera e salvar mais vidas. Sozinhos, não somos nada. Unidos, podemos transformar nossa cidade em referência no cuidado com o câncer de mama”, destacou o secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter.

Procempa valida com o MIT modelo de Inteligência Artificial para ampliar o uso de dados em saúde

Outro eixo de destaque do Cancer Future Forum foi o papel da tecnologia na prevenção e diagnóstico precoce.

A Procempa apresentou o projeto MIRAI, desenvolvido em colaboração com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e o Hospital Santa Casa de Porto Alegre, que utiliza inteligência artificial para detectar o câncer de mama até cinco anos antes dos métodos convencionais.

O modelo, treinado com mais de 210 mil exames do Massachusetts General Hospital, atingiu Área sob a Curva (AUC) ROC — indicador internacional de precisão em modelos de inteligência artificial — de 0,81 na validação local, índice que comprova a alta precisão do sistema. O próximo passo será o ensaio clínico em pacientes do SUS, fortalecendo o uso de dados e tecnologia como aliados na política pública de saúde.

“Trabalhamos há quase dois anos com o MIT para validar e calibrar o modelo. O resultado mostra que a IA pode ser uma ferramenta real para antecipar o diagnóstico e permitir tratamento mais rápido e eficaz”, explicou ogerente do SmartLab da Procempa, Márcio Scherer.

Além disso, a equipe apresentou o SYBIL, uma IA capaz de prever risco de câncer de pulmão com até seis anos de antecedência, também em parceria com o MIT e Harvard.

Colaboração e futuro compartilhado

O evento também contou com a participação de representantes do Hospital de Clínicas, Santa Casa, Mãe de Deus, Grupo Hospitalar Conceição e Hospital Vila Nova.

Na sequência das apresentações, os parceiros discutiram a importância de fortalecer a interoperabilidade de dados e apoiar a criação de ferramentas de monitoramento e análise que ampliem o acesso ao diagnóstico e ao tratamento.

Os encaminhamentos serão conduzidos a partir de reuniões periódicas entre os grupos participantes, que seguirão trabalhando juntos para viabilizar a implementação do Global Breast Cancer Initiative (GBCI) em Porto Alegre.

O IGCC atuará na liderança e coordenação dessas ações, promovendo o diálogo entre as instituições e articulando soluções conjuntas que fortaleçam a integração de dados, a eficiência do diagnóstico e a qualidade do cuidado oncológico na capital.

Fotos: Leonardo Lenskij